Por GloboNews — São Paulo


Partos prematuros chegam a 63% em mães que tiveram Covid no fim da gestação, diz pesquisa

Partos prematuros chegam a 63% em mães que tiveram Covid no fim da gestação, diz pesquisa

Os partos prematuros chegaram a 63% em mães que tiveram Covid-19 no final da gestação, de acordo com uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) feita no Hospital das Clínicas, na região central da capital paulista. O estudo foi apresentado e premiado durante o Congresso Brasileiro de Perinatologia.

Os pesquisadores analisaram 71 bebes de mães que estavam com Covid-19 na hora do parto ou que testaram positivo para Covid-19 até 14 dias antes do parto. Essa análise foi feita entre março de 2020 a março de 2021, ou seja, no período pré-vacina. Confira os resultados:

  • Seis a cada dez bebês de mães que tiveram Covid-19 no final da gestação nasceram prematuros, sendo que 20 desses 71 recém-nascidos analisados nasceram bem antes da 32º semana gestacional;
  • Metade desses recém-nascidos precisou de algum suporte respiratório logo após o nascimento. Entram nessa conta tanto os prematuros quanto os que nasceram a termo;
  • Dois dos bebês analisados morreram e dois testaram positivo para Covid-19.

A pesquisadora Bruna de Paula Duarte, médica neonatologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, afirma que o que mais chamou a atenção na pesquisa foi a taxa de prematuridade. A pesquisa foi feita antes da vacinação.

“Foi um dado muito crítico porque se for comparar a nível de Brasil, essa taxa [de prematuridade] gira em torno de 10% no período pré-pandemia. Se a gente for comparar a nível de Hospital das Clínicas, que é um hospital complexo, com pacientes mais graves, essa taxa é de 30%. Então ainda assim foi uma taxa muito além do que a que a gente estava habituado.”

“Lembrando que esse foi um estudo pré-vacina. Como ele foi finalizado em março de 2021, a gente avaliou os filhos nascidos de mães com Covid e sem vacina.”

De acordo com o infectologista David Uip, professor das faculdades de Medicina da USP e do ABC, toda infecção durante a gravidez traz três preocupações: a prematuridade, o aborto e a má-formação.

“As infecções virais não fogem desse rol de preocupações. No caso de Covid teve esse trabalho do HC da USP que é muito interessante e mostra a possibilidade de prematuridade. Tem outros estudos analisando a possibilidade de aborto e tem um outro que felizmente não foi provado, que é a má-formação. A criança por conta da infecção durante a gravidez pode nascer má-formada? Isso não tem acontecido muito hoje."

“Outra preocupação é que quando a criança nasce, a mãe pode dar leite do peito ou não por conta da transmissão do vírus. Lembrando que muitas crianças dependem desse leite da mãe para sobrevivência. Aqui na Faculdade de Medicina do ABC nós fizemos este estudo e não houve a transmissão do vírus através do leite, o que autoriza a mãe que acaba de ter seu bebê a amamentar usando máscara.”

Tão importante quanto tudo isso é a mulher grávida vacinada, de acordo com o médico. Segundo Uip, houve casos de mães grávidas contaminadas com Covid-19 antes da vacinação evoluindo para doença respiratória com risco para a mãe e para o bebê.

“Já vi parto dentro de UTI. É fundamental o avanço da vacinação para mulheres jovens que vão engravidar e para outras já grávidas com doença respiratória”, afirma.

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