Por Eva Alterman Blay, abril de 2004
Resumo por Clara Baeder
Apesar da conotação um tanto festiva que o Dia da Mulher (8 de março) tem no Brasil, a sua história vem de muitas lutas e reivindicações das mulheres. A proposta de um Dia da Mulher se deu no 2º Congresso Internacional de Mulheres Socialistas com uma proposta de Clara Zetkin. Mas para além de um mero marco oficial do movimento, a sua existência tem base nas mobilizações. As mulheres, que junto com homens e crianças trabalhavam em condições extremamente precárias no século XIX e início do XX, estavam muito presentes nas mobilizações gerais dos sindicatos. Elas se somavam também às reivindicações de questões específicas como o direito a voto.
Duas grandes referências de mobilização de mulheres são a Rússia e os Estados Unidos, principalmente no setor têxtil. Grandes mobilizações foram constantes e se destacam na história do Dia da Mulher: a grande manifestação de mesmo nome ocorrida nos EUA em 1908 pelo voto e melhoria das condições de trabalho; a criação e consolidação das associações United Hebrew Trade (Associação de Trabalhadores Hebreus) e Women’s Trade Union League. Na Rússia, os destaques são a já citada proposta da socialista Clara Zetkin ;a greve de trabalhadoras russas no dia 8 de março esmagada pelas tropas do czar e a constante escolha do dia 8 de março como Dia da Mulher de 1960 em diante.
Além disso, frequentemente a criação do Dia é associada ao incêndio ocorrido na Triangle Shirtwaist Company (Companhia de Blusas Triângulo). No entanto, essa ideia é errada, pois o incêndio ocorreu um ano depois do Congresso Socialista onde a proposta foi apresentada. Em 1975 a ONU oficializaou o 8 de março como Dia Internacional da Mulher.
Judaísmo e mobilização
O judaísmo possui grande vínculo com a história do movimento de trabalhadores e trabalhadoras dos Estados Unidos. Havia uma grande imigração vinda da Europa nas primeiras décadas do século XX, e boa parte era de judeus com passado de militância política sindical.
As conexões aparecem, por exemplo, no grande número de judias trabalhadoras (e grevistas) da indústria têxtil ou no apoio à greve através de um juramento de ummandamento judaico como garantia de que ninguém furaria greve.
As principais associações que representavam esse diálogo entre o judaísmo e o movimento de trabalhadores eram a União Geral dos Trabalhadores Judeus da Rússia e da Polônia (Der Alguemayner Yiddisher Arbeterbund in Russland un Poyln – BUND); Associação dos Trabalhadores Hebreus (United Hebrew Trade) e o Sindicato Internacional de Trabalhadores na Confecção de Roupas de Senhoras (International Ladies’ Garment Workers’ Union – ILGWU).