Women´s Research Engineers Network – WREN

Contexto

Com o objetivo de ampliar as oportunidades de colaboração internacional de ensino e o acesso a financiamentos de pesquisa, além de compartilhar experiências e tecnologias entre Brasil e Austrália, a Women’s Research Engineers Network (WREN),  rede de pesquisadoras em Engenharia no Brasil e na Austrália, está sendo construída.

A estruturação da WREN visa a mitigar as desigualdades de gênero existentes na área de Engenharia e a assegurar a representação das mulheres nas respostas à pandemia, em consonância com as  recomendações da ONU sobre as mulheres e meninas no centro dos esforços de recuperação da Covid-19

Com o suporte da Commonwealth por meio do Council on Australia Latin America Relations (COALAR), Departamento de Relações Exteriores e Comércio, o projeto busca fortalecer as relações entre Austrália e América Latina por meio de tecnologias digitais, contribuindo para a recuperação econômica pós-Covid. A Austrália e o Brasil consideraram o investimento em infraestrutura como um aspecto central na reconstrução de suas economias.  

Entre maio e setembro de 2021, serão realizados cinco seminários mensais com o intuito de fomentar o intercâmbio entre as pesquisadoras de Engenharia em relação às suas experiências profissionais, aspectos culturais e discussões sobre as barreiras e estratégias para promoção da igualdade de gênero na academia, considerando outros marcadores interseccionais. Uma plataforma online será lançada para conectar as mulheres pesquisadoras na engenharia e dar visibilidade às possibilidades de colaborações, parcerias e intercâmbios profissionais. Ao final do projeto, um relatório com boas práticas para a promoção da igualdade de gênero será elaborado e apresentado aos órgãos internos das universidades envolvidas buscando apoio para sua implementação.

A iniciativa é liderada pela Universidade de Wollongong (UOW, Austrália) e conta com o apoio e colaboração da Universidade de São Paulo (USP, Brasil), por intermédio do Escritório USP Mulheres e da Escola de Engenharia de São Carlos. Ambas as instituições participam da University Global Partnership Network (UGPN), rede acadêmica que se propõe a criar uma base para a colaboração internacional, permitindo que membros de algumas das melhores universidades do mundo trabalhem juntos em questões de importância global.

A UOW é uma universidade jovem, com menos de 50 anos de existência, e é reconhecida pelo Governo Federal Australiano como um dos melhores locais de trabalho no país para a igualdade de gênero, recebendo o título de Employer of Choice Gender Equality (EOCGE) da Workplace Gender Equality Agency (WGEA).

A UOW também foi uma das primeiras universidades da Austrália a receber o prestigioso prêmio Athena SWAN Bronze Institution da Science in Australia Gender Equity (SAGE), que reconhece o compromisso com a igualdade de gênero nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia, medicina e matemática (STEMM, na sigla em inglês). 

Sobre o projeto WREN

Diferentes estudos demonstraram que há uma grande disparidade entre homens e mulheres na ciência [1] [2], e que essa disparidade é bastante evidente no campo da engenharia [3]. Uma das lacunas de gênero existentes é que as mulheres pesquisadoras têm menos colaborações internacionais em comparação com seus pares masculinos [4]. A colaboração internacional aumenta a visibilidade do pesquisador e o impacto de seu trabalho, enquanto a falta dessa conectividade torna-se uma barreira para muitas pesquisadoras, limitando sua capacidade de produzir publicações em periódicos de alto impacto, o acesso à bolsas e financiamentos e a alcançar uma carreira acadêmica sustentável. 

A WREN visa  especificamente mulheres pesquisadoras e é proposto por mulheres pesquisadoras de diferentes culturas. O termo “mulheres” é adotado para incluir qualquer pessoa que se identifique como mulher, incluindo as pessoas transgêneras e não binárias.

O projeto foi desenhado e será executado apoiando e aumentando o empoderamento e a experiência das mulheres, priorizando a contratação de empresas externas lideradas por mulheres ou outros grupos minoritários. A iniciativa prevê a tradução do conteúdo da WREN para o português, para línguas indígenas brasileiras e para Dharawal, língua indígena da nação Yuin.

[1] Kwiek, M. and Roszka, W. (2020) Gender disparities in international research collaboration: A study of 25,000 university professors. Journal of Economic Surveys.

[2] Winchester H. P. M. and Browning, L. (2015) Gender equality in academia: a critical reflection. Journal of Higher Education Policy and Management. 37(3), pp. 269-281.

[3] UNESCO (2015) UNESCO Science Report: Towards 2030. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000235406

[4] Steinþórsdóttir et al. (2020) Gendered inequalities in competitive grant funding: an overlooked dimension of gendered power relations in academia. Higher Education Research & Development, 39 (2), pp. 362-375.