Divulgar as trajetórias e as pesquisas de mulheres cientistas é o objetivo da iniciativa que acontece pela primeira vez nesta quarta-feira, 21 de junho, a partir das 13 horas, no ICMC
Elas são matemáticas e físicas cooperando para o desenvolvimento científico de suas respectivas áreas de atuação. Divulgar o trabalho que essas mulheres estão realizando ou já realizaram, apresentando a trajetória de cada uma, é o objetivo do ciclo de seminários Ciência que elas fazem. Uma iniciativa do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.
“Muitas vezes e por todos os lados, garotas são desencorajadas a fazer ciência desde sua infância ou têm seus trabalhos acadêmicos negligenciados. Dar a chance às próprias garotas de mostrarem o que fazem, ou falarem de outras cientistas que representam algo para elas, não é apenas uma fonte de inspiração para outras mulheres que gostariam de estar na ciência, mas também um processo de autovalorização das próprias cientistas”, diz Natália Palivanas, que está cursando o último ano do Bacharelado em Física Computacional no Instituto de Física de São Carlos (IFSC). Natália vai ministrar a palestra Vera Rubin: a rainha das galáxias, que marcará o início do Ciência que elas fazem. O evento acontecerá na próxima quarta-feira, 21 de junho, às 13 horas, no auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano do ICMC (sala 6-001).
Natália falará sobre a astrônoma que se tornou a primeira mulher a trabalhar no maior telescópio de seu tempo. Vera Rubin foi pioneira nos estudos do movimento de galáxias, os quais levaram às evidências da existência da matéria escura, antes prevista pelo astrônomo Fritz Zwicky. “Toda sua história é bastante inspiradora não só para mulheres, mas para todos aqueles que, por qualquer preconceito, são considerados pelo senso comum como incapazes de fazer ciência”, ressalta a palestrante que, desde 2014, atua como monitora no Observatório Dietrich Schiel, no campus da USP, em São Carlos, contribuindo para a divulgação da astronomia para o público em geral.
O ciclo de seminários foi idealizado a partir de uma parceria entre a professora Thaís Jordão, do ICMC, e duas estudantes: Juliana Gimenez, mestranda em matemática no ICMC, e Jacqueline Lopes, graduanda em física no IFSC. “A ideia surgiu de um crescente movimento da sociedade em busca de divulgar o trabalho das mulheres e suas histórias, em particular a trajetória de cientistas e de suas pesquisas. Muitos desses relatos são pouco conhecidos até em âmbito acadêmico”, explica Thaís.
Os seminários ocorrerão mensalmente, às quartas-feiras, durante a terceira ou quarta semana de cada mês, das 13 às 13h45, sempre no auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano. As atividades só não acontecerão em julho, durante o período de recesso escolar.
Inspiração motivadora – O segundo seminário do ciclo já está agendado para o dia 23 de agosto e terá como tema Lógica e pensamento crítico. A palestrante será Itala Loffredo D’Ottaviano, professora da Universidade Estadual de Campinas e a primeira mulher latino-americana eleita para a Académie Internationale de Philosophie des Sciences. Itala discutirá o desenvolvimento histórico da lógica, considerada como a ciência do raciocínio, o estudo da razão. A partir das leis básicas do pensamento aristotélico, ela vai analisar o significado lógico de contradição, consistência, inconsistência e completude, e sua relevância para o paradigma lógico-clássico da racionalidade durante mais de vinte séculos. Também serão debatidas as características da lógica contemporânea, da lógica dita “matemática” e das lógicas não clássicas, além de seu papel nos fundamentos da matemática e das ciências em geral.
As organizadoras da iniciativa ressaltam que graduandas, mestrandas, doutorandas e pesquisadoras que atuam no campo da matemática e da física, bem como em áreas correlatas, são bem-vindas a apresentar seus trabalhos. Elas poderão falar sobre as pesquisas que realizam ou abordar a evolução e a contribuição do trabalho de outras pesquisadoras. Para participar, basta entrar em contato com as organizadoras por meio do site http://elascientistas.icmc.usp.br.
“Ter contato com as pesquisadoras e aspirantes ajuda a derrubar aquela visão de que cientistas são gênios intocáveis com grandes ideias. É uma carreira que demanda dedicação, mas está ao alcance de todos”, conta Natália. “Com este projeto, queremos encorajar as mulheres interessadas em atuar na matemática e na física, áreas hoje, infelizmente, reconhecidas pelo senso comum como tipicamente masculinas. Esperamos que, em pouco tempo, atitudes como a desta iniciativa sirvam para promover oportunidades e tratamento iguais para as mulheres na ciência”, finaliza Thaís.
Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação ICMC/USP