Gênero e Universidade: do que estamos falando?

USP Mulheres organiza minicurso em conjunto com Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)

Ilustração de Silvana Santos

Em março, como parte das mobilizações do mês que marca o Dia Internacional da Mulher, o Escritório USP Mulheres inicia o minicurso “Gênero e Universidade: do que estamos falando?”. A professora emérita da FFLCH e coordenadora do escritório USP Mulheres, Eva Alterman Blay, e a mestre em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano, Prislaine Santos, são as responsáveis pela disciplina que será oferecida em conjunto com o Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) para alunos da pós-graduação.

A proposta do minicurso é abrir um espaço de discussão dos principais conceitos dos estudos de gênero e feminismos, aliando este conhecimento à reflexão sobre as questões de gênero que permeiam a convivência universitária.

Nas últimas décadas, a luta pelos direitos das mulheres e equidade entre os gêneros tem se ampliado. Porém, mesmo nas universidades brasileiras, espaços progressistas do pensamento, ainda há a necessidade de transformação dessas relações.

Dados da pesquisa Interações na USP mostram que mulheres, pessoas trans e não-binárias são os grupos que relatam maiores índices de violência na universidade.

Entre as mais de 13 mil respostas recebidas nesta pesquisa, 39% do total de homens afirmaram ter sofrido alguma forma de violência, seja ela física, moral ou sexual. Entre as mulheres, essa porcentagem salta para 55%. Já entre os estudantes que se identificam como pessoas não binárias, ¾ apontou ter sofrido algum tipo de violência ao longo de sua trajetória na USP. Esse grupo representa cerca de 3% da amostra, mas a taxa total de violência sofrida por eles é extremamente expressiva.

Outra face das desigualdades de gênero se reflete sobre a carreira profissional de docentes. Na USP temos 42 unidades de ensino e pesquisa. Deste total, 15 são dirigidas por mulheres (36%) e 27 são dirigidas por homens (64%). As dirigentes mulheres estão nas Biológicas, Humanas e apenas uma nas exatas.

Esses dados refletem a importância e urgência do debate e a formulação de políticas de igualdade e enfrentamento da violência de gênero nas universidades.

Os percursos do gênero na universidade

O minicurso acontecerá em 6 encontros com professoras e professores convidadas(os) que abordarão diversos temas.

O primeiro encontro acontecerá no dia 15 de março com a Professora Eva Alterman Blay que apresentará o percurso do feminismo na América Latina, marcando o início e a trajetória dos estudos de gênero.

No segundo encontro, dia 22 de março, passaremos à reflexão de questões atuais sobre gênero e universidade com o Professor do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Sociologia da FFLCH, Gustavo Venturi, e o cientista de dados e doutorando pela Faculdade de Educação da USP (FEUSP), Eduardo Capocchi contam sobre a construção e aplicação da Pesquisa Interações na USP, discutindo as contribuições de pesquisas que conjugam métodos qualitativos e quantitativos para o entendimento e avanço das políticas de prevenção e enfrentamento da violência baseada em gênero.

“Gênero, Masculinidades e Saúde” será o tema da terceira aula, em 29 de março, ministrada pela Professora e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), Prof. Dra. Marcia Couto.

No quarto encontro, no dia 05 de abril, a Psicóloga, com especialização em Gênero e Sexualidade, mestra em Educação Sexual pela UNESP Araraquara, Elânia Francisca, e a mestra em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e graduada em Psicologia pela Universidade Paulista, Sulamita Jesus de Assunção, darão uma aula sobre Feminismo Negro, apresentando as interseccionalidades entre juventude, raça, gênero, sexualidade e classe, e abordando também a participação da mulher negra nas universidades.

A aula do dia 12 de abril começará com a professora da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE-USP) e membro da Academia Olímpica Brasileira, Kátia Rúbio com o tema “O esporte como campo de afirmação feminino”. Na segunda parte da aula, a doutoranda em História Social pela USP, pesquisadora do Ludens-USP e professora da Educação Básica, Giovana Capucim e Silva, apresentará o tema “Mulheres no país do futebol: uma questão para a universidade?”, discutindo a representativida e os impedimentos da participação das mulheres no futebol ao longo das últimas dácadas.

Encerraremos o curso com a aula “Inovação e Diversidade”, no dia 03 de maio, ministrada pelo professor titular do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Observatório da Inovação do Instituto de Estudos Avançados (IEA–USP), Glauco Arbix. Neste encontro, o objetivo é evidenciar como o dinamismo para a inovacao nos centros de conhecimento, nas escolas e nas empresas é impulsionada por um ambiente mais diverso, especialmente no que se refere à diversidade de gênero.