Texto: Giuliana Fuganti
A Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), uma grande mostra de projetos de jovens cientistas do Brasil inteiro, aconteceu nos dias 19, 20 e 21 na Cidade Universitária. Realizada pela Escola Politécnica da USP desde 2003, o evento tem o intuito de promover o contato com a ciência desde a juventude. Ao final dos três dias, os projetos receberam prêmios em diversas categorias.
Estudantes das escolas públicas e privadas de todo o Brasil inscrevem seus projetos, divididos em sete categorias: Sociais Aplicadas, Biológicas, Engenharias, Agrárias, Saúde, Exatas e Humanas. Os projetos são avaliados pelo Comitê de Pré-Avaliação do evento, que classificam os trabalhos de acordo com a criatividade e a inovação. Os finalistas têm a oportunidade de expor suas pesquisas nas dependências da USP. Neste ano, mais de 278 projetos foram selecionados.
O USP mulheres visitou o evento na quarta-feira, dia 20 de março, e teve a oportunidade de conversar com diversos estudantes. As pesquisas sobre gênero já são uma realidade entre os pesquisadores mais jovens e alguns desses projetos foram premiados no encerramento da feira.
O projeto Assédio sexual nas escolas de Lorena/SP: violência de gênero e relação de poder foi vencedor da categoria PRÊMIO Associação Brasileira de Incentivo à Ciência (ABRIC) de excelência em iniciação científica. A pesquisa teve como intuito discutir a questão do assédio nas escolas de Lorena. Idealizado pelas estudantes Ana Flávia Freitas Pereira Andrade, Maria Clara de Aquino Henriques da Silva e Maria Julia Ude do Colégio Drummond, a iniciativa rendeu para elas, além do prêmio, a oportunidade de promover a conscientização sobre a desigualdade de gênero na escola, através de rodas de conversa com a orientação de uma psicóloga e a exibição de um vídeo para os colegas em um evento sobre o tema. Também criaram uma página no Instagram – @nãosecaleassedio – para promover o movimento. Para saber mais, dê play no vídeo abaixo, onde as estudantes explicam mais sobre o projeto:
A pesquisa Desenvolvimento de ferramenta para a identificação de padrões associados à discriminação de gênero em textos através de algoritmos de Processamento de Linguagem Natural, desenvolvida por Gabriela Nery Batista do Cotuca – Colégio Técnico de Campinas, levou dois prêmios para casa, Prêmio Destaque em Engenharia Insper e Prêmio Marília Chaves Peixoto. Também com a questão de gênero como pano de fundo, o projeto da estudante chama atenção por lidar com uma ferramenta inovadora. Para saber mais, veja o vídeo da pesquisadora comentando seu trabalho:
Conversamos com as estudantes Marcela Loureiro Tessitori, Maria Eduarda Rossi Amaro, Samy Mothe Takahashi do Colégio Clarentiano de Rio Claro e descobrimos mais sobre o aplicativo que criaram visando à segurança das mulheres. O projeto chamado O retrato da violência contra a mulher no interior paulista (Rio Claro/SP) teve como produto final a criação do aplicativo DMB (Defensora das Mulheres Brasileiras), que conta com três botões de segurança: emergência; denúncia; e avaliação do local. Disponível para download em celulares Android, por enquanto o aplicativo funciona apenas em Rio Claro, porém logo chegará a outras regiões. Para saber mais, confira o link abaixo:
Ainda vale mencionar o projeto do estudante Fabricio Pupo Antunes, intitulado A produção das identidades em ambiente escolar: experiências contemporâneas de jovens dissidentes de gênero e sexualidade nas escolas de Mato Grosso do Sul inspiradas na obra “A garota dinamarquesa”. A pesquisa, que também tem como tema gênero e sexualidade, foi vencedora em duas categorias: 1º Lugar nas categorias gerais da FEBRACE e Prêmio Veraño Nacional Científico Para Estudiantes Sobresalientes (VENCES).Para saber mais sobre esse projeto, acesse:
Ainda visitamos o projeto A mulher e o mercado de trabalho: elas na construção civil, idealizado pelas estudantes Jéssica Luana de Oliveira Brandão, Maria Paula Damascena Sabino e Sara Xavier Alcântara, do Colégio CEFET – MG, Campus Tenório. O projeto foi desenvolvido em Minas Gerais, onde as estudantes entraram em contato com empresas e trabalhadoras da área de construção civil através de um questionário online, com o intuito de questionar a inserção das mulheres no mercado de trabalho da engenharia civil. O e-mail com os questionários foi enviado para 1025 construtoras de 215 cidades mineiras.
Com as respostas enviadas pelas empresas, as pesquisadoras puderam observar que a parte da desigualdade de gênero está relacionada ao fato de alguns homens não aceitarem ser subordinados a mulheres, e que muito ainda precisa ser feito para que as empresas alcancem a equidade. Para saber mais, acesse o link abaixo e confira o projeto delas:
Por fim, conversamos com as estudantes Daiane Carl e Daniele Borba Voigt do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense (IFC). O trabalho desenvolvido por elas não foi sobre a temática de gênero, mas durante nossa visita, a apresentação delas nos chamou a atenção por ser a única em um corredor repleto de garotos. Com o projeto Quadro vivo automatizado: cultivo em espaços reduzidos, elas desenvolveram um jardim vertical irrigado automaticamente. Assim, o usuário não precisa se preocupar com o espaço para cultivo e nem com o ato de irrigar, podendo acompanhar os níveis de luz e umidade através de um site. As informações são enviadas do dispositivo pela rede de Wifi e o usuário pode acessar de onde estiver. A ideia das estudantes é possibilitar o cultivo de plantas em lugares com limitações e para pessoas que não tem muito tempo de cuidar da irrigação, mas que querem aproveitar os benefícios medicinais e terapêuticos das plantas. As meninas levaram para casa o prêmio Intel Excellence in Computer Science.
Quer saber mais? Então acesse o link abaixo e confira o projeto delas: