Observatório USP Mulheres disponibiliza infográficos das últimas duas décadas que revelam a situação feminina na Universidade
Por Luana Siqueira
No dia 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, o Escritório USP Mulheres disponibilizou no seu site o Observatório USP Mulheres, um espaço dedicado à publicação de dados e pesquisas sobre a situação de gênero na Universidade de São Paulo (USP). O objetivo dessa iniciativa é facilitar o acesso da comunidade USP aos dados de uma maneira mais organizada, promovendo o debate e a construção de novas políticas voltadas à equidade de gênero.
A inauguração da página foi feita durante a mesa on-line O caminho para a equidade de gênero: compromisso de ação da USP, que contou com a presença do Reitor da USP, professor Carlos Gilberto Carlotti Junior; da Vice-Reitora, professora Maria Arminda do Nascimento Arruda; da Coordenadora do Escritório USP Mulheres, professora Adriana Alves; e de novas gestoras e novos gestores da Administração Central da USP que assumiram os postos neste ano.
O pesquisador Rodrigo Correia do Amaral, responsável pela área de Pesquisas do Escritório, juntamente com Maria Eduarda Martins Mendes Cordeiro e Rennan Valeriano Silva Lima, que estagiam no Escritório, debruçaram-se sobre os dados dos anuários estatísticos da USP desde 2000 a 2019. Os números foram tratados e organizados em infográficos que nos revelam a distribuição populacional da Universidade, desagregada por gênero, nos cursos de graduação, na pós-graduação, nos estágios de pós-doutorado, na docência e nas funções técnico-administrativas. “Foi um trabalho artesanal, de checagem dos dados de vinte anos, para fazer a compilação, o tratamento e então a conversão em infográficos. Pela primeira vez, esses dados estão reunidos com o recorte de gênero e permitem entender as peculiaridades de cada área”, conta Amaral.
O público pode visualizar as proporções de mulheres e homens em cada tipo de vínculo mantido com a Universidade, e em cada área do conhecimento. Consequentemente, é possível ver as concentrações de um único gênero em determinadas áreas do conhecimento, como ocorre com os homens na área das exatas e com as mulheres na área de biológicas. O horizonte temporal amplo também permite observar como a desigualdade de gênero nas áreas e nas carreiras, além de não ser um fenômeno recente, permanece praticamente inalterado nos últimos anos.
O trabalho de pesquisa demográfica, contudo, não está concluído e precisa ser estendido para outros recortes, conforme conta Amaral: “Outras informações sobre a comunidade uspiana ainda precisam ser coletados de forma estruturada, como os dados sobre cor/raça, parentalidade, nome social, funcionalidade, informações socioeconômicas, entre outros marcadores sociais, para que, a partir deles, o Observatório USP Mulheres avance em análises interseccionais. De toda forma, este primeiro trabalho inaugura uma tradição de avaliação dos rumos da USP sob a perspectiva da equidade e da igualdade de gênero”.
Tais dados são o pontapé para a elaboração de um plano de equidade de gênero na USP. “Concebido na gestão da professora Maria Arminda do Nascimento Arruda, o Observatório USP Mulheres visa fornecer à comunidade o acesso facilitado das relações de gênero nos diferentes níveis da carreira acadêmica. A ideia é que os dados organizados fomentem debates e pesquisas, e que sirvam de base à idealização e à implementação de iniciativas que componham o plano de equidade de gênero da Universidade que visará à correção de distorções de oportunidade para as mulheres”, explica a coordenadora do Escritório USP Mulheres, Adriana Alves.
Tendo a base de dados recém publicada como foco, foi realizada no dia 9 de março, às 10h, a mesa-redonda on-line Observatório USP Mulheres: uma análise dos dados da USP com recorte de gênero, com mediação da professora Fátima Nunes, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) e nova gestora do Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico (Egida); e participação das professoras Fabiana Cristina Severi, da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP); Márcia Thereza Couto, da Faculdade de Medicina (FM); e Kalinka Castelo Branco, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC). Em suas falas, as docentes procuraram jogar luz em aspectos variados dos dados demográficos, contribuindo para dimensionar a situação das mulheres. O evento está disponível na íntegra no link acima.