II Encontro USP Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas traz proposições para a presença da mulher negra em universidades e corporações

Escritório USP Mulheres celebra pelo segundo ano o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha na USP

*Por Luana Siqueira / Revisão Elaine Castilho

Participantes do II Encontro USP Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas / Fotos: arquivos pessoais

No dia 22 de julho, o Escritório USP Mulheres realizou o II Encontro USP Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, na modalidade virtual, com o tema “Política Institucional das Universidades e das Corporações”. O evento foi organizado no bojo das celebrações do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, lembrado todo 25 de julho pela Organização das Nações Unidas (ONU). A data também é oficialmente celebrada no Brasil como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Dando sequência às discussões que foram desenvolvidas no primeiro encontro, em 2020, participaram profissionais, especialistas e pesquisadoras, distribuídas em quatro mesas, para analisar as políticas institucionais vigentes em universidades e nas organizações privadas.

Na mesa de abertura, a professora Maria Arminda do Nascimento Arruda, coordenadora do Escritório USP Mulheres, relembrou que a implementação do Escritório na Universidade de São Paulo (USP) faz parte de um projeto de ruptura de desigualdades, não só de gênero. Por isso, segundo ela, “o Encontro se assenta na percepção de que há uma ausência de mulheres negras na docência, na pesquisa, nas áreas chamadas STEM [sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática], nos importantes cargos técnicos da Universidade e das corporações privadas”. Entre as iniciativas empreendidas pelo Escritório USP Mulheres para mitigar essas desigualdades, a professora Maria Arminda mencionou como exemplo o programa de pós-doutorado para pesquisadoras negras na USP, em fase de elaboração. “A USP teve, na sua origem, um projeto de vanguarda. Esperamos que estejamos à altura para levar esses projetos”, concluiu ela.

Ao lado da professora Maria Arminda na abertura, estiveram também a professora Ana Estela Haddad, na condição de assessora de gabinete, representando a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária; e o pró-reitor de Pós-Graduação, professor Carlos Gilberto Carlotti Júnior. A relevância da temática foi ressaltada pela professora Ana Estela: “o recorte de gênero e racial se mostram extremamente pertinentes no contexto atual, pois só em 2019 a população negra alcançou maioria no ensino superior brasileiro”. 

Já o professor Carlotti ressaltou a importância de iniciativas recentes na USP destinados às mulheres da pós-graduação, como o Programa Mãe e Pai Pesquisadores e o Programa Especial PAE – Pesquisadoras Mães, e manifestou o desejo de que as discussões do II Encontro Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas dê origem a novas políticas para a comunidade universitária.

Além de quatorze mulheres brasileiras com diferentes experiências acadêmicas e de diversos estados, como Goiás, Minas Gerais e São Paulo, o evento recebeu duas pesquisadoras estrangeiras, Angie Edell, do Peru, e Anny Ocoró, da Argentina. Entre os assuntos analisados, foram apontados os motivos e as consequências da ausência de  afrodescentes nas universidades. Chamou-se a atenção para a importância de refletir sobre a epistemologia e a metodologia envolvidas na construção de conhecimento nas universidades, que ainda reforçam uma maneira única, eurocêntrica. A busca de soluções passa pelo desafio de construir pesquisas antirracistas, considerando as expectativas e as dificuldades dos pesquisadores negros em seu percurso acadêmico.


O evento está disponível na íntegra, em nosso canal no YouTube:

Abertura: 00:00

Mesa 1 –  Incorporar uma epistemologia negra, descolonizar a academia e sua metodologia científica: 33:24

Moderadora: Ana Cristina Fiuza – Brasil (IFTM)

Angie Edell – Peru
Anny Ocoró – Argentina
Jackeline Romio – Brasil (IP-USP)

Mesa 2 – Refletir sobre a Interpretação de dados e recortes das pesquisas acadêmicas: 1:40:45

Moderadora: Heloísa Raquel Inácio Costa – Brasil (UnB)

Amanda Amparo– Brasil (FFLCH-USP)

Ligia Margarida – Brasil

Luciana Elias – Brasil (UFJ)

Mesa 3 – Inovar as políticas institucionais das universidades e das corporações: 2:48:10

Moderadora: Juliana Costa – Brasil (USP Mulheres)

Adriana Alves – Brasil (IGc-USP)

Ana Claudia Jaquetto – Brasil (ONU Mulheres Brasil)

Luciana Alves – Brasil (Unifesp)

Mesa 4 – Qualificar a participação e presença das mulheres negras na área da saúde: 4:01:13

Moderadora: Ifé Odara Monteiro – Brasil

Alva Helena de Almeida – Brasil

Ingred Merllin Bastista de Souza– Brasil

Maria Regina Basílio – Brasil (Uniube)

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